quinta-feira, 6 de dezembro de 2012



"A urbanização da China nos últimos vinte anos foi ainda mais importante. Seu ritmo cresceu enormemente após a breve recessão em 1997 ou próximo disso, de tal modo que a China absorveu quase metade do suprimento de cimento de todo o mundo desde 2000. As consequências para a economia global foram significativas: o Chile cresce por causa da demanda de cobre, a Austrália prospera e mesmo o Brasil e a Argentina se recuperam em parte por causa da força da demanda da China por matérias-primas. Mais de 100 cidades cresceram vertiginosamente acima da marca de um milhão de habitantes na China e várias estão rumando para o nível de 10 milhões e vastos projetos infraestruturais estão transformando a paisagem novamente, tudo financiado por dívidas. É a urbanização da China o principal estabilizador do capitalismo global? A resposta tem de ser um sim parcial. Mas a China é apenas o epicentro de um processo de urbanização que se tornou agora genuinamente global em parte através da impressionante integração global dos mercados financeiros que usam sua flexibilidade para os projetos urbanos financiados por dívidas, desde Dubai até São Paulo e de Mumbai até Hong Kong e Londres. O banco central chinês, por exemplo, tem sido ativo no mercado de hipoteca secundário derivado do boom de refinanciamento nos EUA enquanto Goldman Sachs foi fortemente envolvido no surgimento do mercado imobiliário em Mumbai e o capital de Hong Kong foi investido em Baltimore. (...) A urbanização, concluo, é um veículo primordial para absorção do excedente em escalas geográficas sempre crescentes." 
(David Harvey, A liberdade da cidade).

             
"Cidade sem fim" - expressão utilizada pela ONU para caracterizar a mancha urbana que integra Hong Kong-Shenhzen-Guangzhou, na China. 120 milhões de pessoas vivem na região ao redor dessas cidades.

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