"A urbanização da China nos últimos vinte anos
foi
ainda mais importante. Seu ritmo cresceu enormemente após a breve
recessão em 1997 ou próximo disso, de tal modo que a China
absorveu
quase metade do suprimento de cimento de todo o mundo desde 2000.
As
consequências para a economia global foram significativas: o Chile
cresce por causa da demanda de cobre, a Austrália prospera e mesmo
o
Brasil e a Argentina se recuperam em parte por causa da força da
demanda da China por matérias-primas. Mais de 100 cidades
cresceram
vertiginosamente acima da marca de um milhão de habitantes na
China e
várias estão rumando para o nível de 10 milhões e vastos projetos
infraestruturais estão transformando a paisagem novamente, tudo
financiado por dívidas. É a urbanização da China o principal
estabilizador do capitalismo global? A resposta tem de ser um sim
parcial. Mas a China é apenas o epicentro de um processo de
urbanização
que se tornou agora genuinamente global em parte através da
impressionante integração global dos mercados financeiros que usam
sua
flexibilidade para os projetos urbanos financiados por dívidas,
desde
Dubai até São Paulo e de Mumbai até Hong Kong e Londres. O banco
central chinês, por exemplo, tem sido ativo no mercado de hipoteca
secundário derivado do boom de refinanciamento nos EUA enquanto
Goldman
Sachs foi fortemente envolvido no surgimento do mercado
imobiliário em
Mumbai e o capital de Hong Kong foi investido em Baltimore. (...)
A
urbanização, concluo, é um veículo primordial para absorção do
excedente em escalas geográficas sempre crescentes."
(David
Harvey,
A liberdade da cidade).
"Cidade sem fim" - expressão utilizada pela ONU para caracterizar
a
mancha urbana que integra Hong Kong-Shenhzen-Guangzhou, na China. 120 milhões de pessoas
vivem na região ao redor dessas cidades.
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